Execução de delegado Ruy Ferraz Fontes é 3º assassinato de servidor ligado a combate a facções em 22 anos em SP

  • 16/09/2025
(Foto: Reprodução)
Execução de delegado Ruy Ferraz Fontes é o 3º assassinato de servidor ligado ao combate a facções em 22 anos A execução do ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo Ruy Ferraz Fontes é o terceiro assassinato de servidores públicos que atuaram diretamente no combate ao crime organizado nos últimos 22 anos no estado. Além do policial, um juiz e um ex-diretor de presídio também foram mortos em atentados. Ruy, que atuou contra o PCC, foi assassinado a tiros na tarde de segunda-feira (15) em Praia Grande, no litoral de São Paulo. Os criminosos fizeram ao menos 21 disparos de fuzil. Em 2003, o juiz corregedor das execuções criminais Antonio José Machado Dias, conhecido como “Machadinho”, foi assassinado a tiros em Presidente Prudente, no interior do estado, depois de dispensar a escolta policial. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 SP no WhatsApp Dois anos depois, em 2005, o ex-diretor da Casa de Detenção do Carandiru, José Ismael Pedrosa, de 70 anos, foi executado em Taubaté, também no interior, onde vivia após se aposentar. A morte de Ruy reabriu a discussão sobre a vulnerabilidade de autoridades ligadas ao combate ao crime, mesmo após deixarem os cargos. “Depois da sua aposentadoria, a partir de 2023, ele não tinha nenhum tipo de proteção do Estado. Me parece que uma autoridade que dedicou mais de 40 anos ao crime organizado deveria ter alguma proteção”, disse o promotor Lincoln Gakyia, do Gaeco, em entrevista à GloboNews. O secretário nacional de Segurança Pública, Mário Sarrubo, afirmou que o Ministério da Justiça prepara um projeto de lei que prevê medidas de proteção a profissionais da segurança pública, incluindo aposentados. “É algo necessário e muito importante. O texto será apresentado ao presidente da República em breve e deve seguir ao Congresso Nacional”, declarou. Para o Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindipesp), o crime teve efeito direto sobre a sensação de insegurança. “Não foi apenas contra um homem, mas contra as instituições e a própria ideia de justiça. Mostra o quão vulnerável a sociedade está”, disse a presidente do sindicato, Jaqueline Valadares. Ela também criticou a falta de investimento na Polícia Civil. “Onde a polícia não consegue investigar de forma efetiva, o crime organizado ocupa espaço. É fundamental que a instituição seja valorizada, porque ela é o limite entre a ordem e o caos.” Investigação Nesta terça-feira (16), a polícia de São Paulo identificou o segundo suspeito da execução do ex-delegado-geral e pediu à Justiça a prisão dos dois, segundo o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite. Segundo o secretário, os criminosos não conseguiram atear fogo em um segundo veículo utilizado no crime, um Renegade, e a Polícia Técnico-Científica conseguiu coletar material para identificação dos envolvidos. Os homens foram identificados por meio de impressões digitais. Há pelo menos duas linhas de investigação sobre a morte do ex-delegado-geral. Vingança em razão da atuação histórica de Ruy Fontes contra os chefes do PCC Reação de criminosos contrariados pela atuação dele à frente de Secretaria de Administração da Prefeitura de Praia Grande À TV Globo, fontes do Palácio dos Bandeirantes destacaram que Ruy investigava contratos na Prefeitura de Praia Grande, o que teria causado certo incômodo em algumas lideranças e grupos e acreditam que os dois homens suspeitos teriam ligações com esses grupos. LEIA MAIS: Derrite recusa ajuda da PF e diz que execução de ex-delegado geral será investigada só pelo governo de SP ÁUDIO: Ex-delegado-geral de SP executado no litoral disse que vivia sem proteção; ouça Ruy Ferraz já escapou de plano do PCC para matá-lo em 2010 e foi salvo pelo então tenente da Rota Guilherme Derrite, conta promotor Ruy Ferraz Fontes foi executado a tiros em Praia Grande, SP Prefeitura de Praia Grande e Reprodução O governador Tarcísio de Freitas determinou mobilização total da polícia. “Estou estarrecido. É muita ousadia. Uma ação muito planejada, por tudo que me foi relatado”, afirmou o governador. A SSP-SP criou uma força-tarefa integrada das polícias Civil e Militar. Ambos os departamentos contam com policiais que têm muitos informantes no crime organizado e que podem ajudar a elucidar a execução de Ruy. Quem era Ruy Ferraz Fontes O ex-delegado-geral atuou há mais de 20 anos na prisão de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, e no combate ao Primeiro Comando da Capital (PCC) no estado. O que se sabe sobre a execução do delegado Ruy Ferraz Fontes em SP Criminosos atiraram mais de 20 vezes em atentado contra delegado Câmeras de segurança gravaram o momento em que criminosos em um carro perseguem o veículo da vítima, que bate em um ônibus. Em seguida, o grupo desembarca do automóvel e atira em Ruy (veja vídeo nesta reportagem). Delegado Ruy Ferraz Fontes é executado a tiros em Praia Grande, SP "Estou em choque, fui o último a falar com ele [por telefone]", disse ao g1 Marcio Christino, ex-promotor que atuou no combate à facção e seus chefes, no início dos anos 2000, com Ruy, que à época era delegado no Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), na capital paulista. Atualmente, Christino é procurador de Justiça. Christino chegou a mencionar a atuação de Ruy como delegado contra o Primeiro Comando da Capital no livro "Laços de sangue: A história secreta do PCC", que escreveu com o jornalista Claudio Tognolli. Foram mais de 40 anos como policial. O ex-delegado-geral comandou a Polícia Civil paulista entre 2019 e 2022, quando foi indicado pelo então governador João Doria, à época no PSDB. Ele também atuou no Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no Departamento Estadual de Investigações contra Narcóticos (Denarc) e no Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap). "[Ruy] foi uma das pessoas que prendeu o Marcola ao longo da história do PCC, que esteve passo a passo nesse enfrentamento ao PCC, e ser executado dessa maneira. Isso mostra, infelizmente, o poderio do crime organizado, a falta de controle que o crime organizado tem dentro do Brasil, dentro do estado de São Paulo. É uma ação extremamente ousada", disse Rafael Alcadipani, professor da Faculdade Getulio Vargas e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Formado em Direito pela Faculdade de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, Ruy se tornou delegado depois e começou a investigar o PCC no início dos anos 2000. Quando esteve no Deic, participou das prisões de alguns dos chefes da facção, incluindo Marcola, por tráfico de drogas, formação de quadrilha e outros crimes relacionados ao grupo criminoso. Em 2006, ele e sua equipe de policiais indiciaram Marcola e a cúpula do Primeiro Comando da Capital. Segundo Christino, ele, Ruy e todas as autoridades, sejam elas do MP ou da polícia que atuaram no combate à facção, já foram ameaçadas antes pelo PCC. "Ele [Ruy], eu e todos que trabalharam naqueles casos, inclusive nos ataques de 2006." Em 2006, ordens do PCC de dentro das cadeias determinaram uma série de ataques contra agentes de segurança pública devido à decisão do governo paulista de transferir as lideranças da facção, incluindo Marcola, para o presídio de segurança máxima de Presidente Venceslau, no interior do estado. Infográfico: criminosos fazem tocaia antes de iniciar ataque e perseguição ao delegado Arte/g1

FONTE: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2025/09/16/execucao-de-delegado-ruy-ferraz-fontes-e-3o-assassinato-de-servidor-ligado-a-combate-a-faccoes-em-22-anos-em-sp.ghtml


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