Bombeiro daltônico passa a enxergar cores após ganhar óculos especiais dos colegas: 'Não imaginei que o mundo fosse tão colorido'
13/09/2025
(Foto: Reprodução) Bombeiro daltônico de Rio Preto coloca os óculos e enxerga cores pela 1ª vez
Um gesto de amor dos integrantes do Corpo de Bombeiros de São José do Rio Preto (SP) trouxe mais cores para o dia a dia de um dos oficiais, de 35 anos, que tem daltonismo.
Lincoln Rafael Rosales recebeu óculos com lentes especiais que ajudam a distinguir melhor as cores. O presente que mudaria completamente sua vida chegou de surpresa, na terça-feira (2).
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O momento da entrega do acessório foi registrado em um vídeo, que viralizou nas redes sociais. A reação de Linconl ao enxergar novas cores com mais nitidez é emocionante. Assista acima.
Em uma das imagens, é possível ver ele colocando os óculos e reagindo impressionado ao notar o vermelho e amarelo presentes na viatura dos bombeiros. Emocionado, ainda observa os detalhes nas roupas dos companheiros de trabalho.
Em entrevista ao g1, Lincoln explicou que, devido ao daltonismo raro, só conseguia enxergar o preto e o branco. Ele recebeu o diagnóstico da condição genética aos 25 anos, durante uma entrevista de emprego mal sucedida.
"Eu não consegui passar no teste de admissão justamente por conta do daltonismo. Depois, eu consegui um emprego no qual, por um tempo, o pessoal não sabia da minha condição, e só depois eu contei. Graças a Deus, eu consegui ficar lá", explica.
A limitação visual não impediu Rosales de atingir seu grande sonho, ingressar no Corpo de Bombeiros. Após ser aprovado em concurso público e considerado apto a exercer todas as funções, o bombeiro trabalha atualmente no batalhão em Rio Preto.
O daltonismo nunca foi um problema durante as atividades obrigatórias e rotineiras do trabalho. No entanto, algumas situações engraçadas se tornaram o pontapé para os outros agentes notarem a condição de Linconl e entrarem em ação.
"Ele [daltonismo] influencia na questão das cores. Nunca tive nenhum outro problema no Corpo de Bombeiros, mas as situações que ele me causou sempre foram engraçadas. Lembro de um dia ir ao mercado comprar graxa para os meus sapatos e, depois que engraxei, fui trabalhar. O pessoal começou a rir porque eu achei que tinha comprado da cor preta, mas era marrom. Então, meu sapato estava todo 'marronzão'", revela brincando.
Surpresa ao distinguir cores
A ideia de promover a ação solidária para Linconl surgiu do bombeiro militar Willian Oliveira Dorta, de 33 anos. Rosales contou à reportagem que a equipe do Corpo de Bombeiros se comoveu com a condição dele. Mesmo que não atrapalhasse o seu trabalho, os colegas foram em busca de doações para conseguir os óculos.
"Eu não imaginava que eu tivesse a visão limitada em relação às cores. Não imaginei que o mundo fosse tão colorido. Eu coloquei os óculos e foi tão diferente, parecia que estava em outra realidade", lembra.
Lincoln, que é bombeiro militar de Rio Preto (SP), ganhou óculos com lentes especiais para distinguir as cores
Arquivo pessoal
Garrafas de café com cores diferentes?
Equipe de bombeiros se juntou para presentear colega de trabalho daltônico com óculos
Willian conheceu Lincoln após o colega ser transferido para Rio Preto e, desde o primeiro contato, eles se deram muito bem.
"Ganhamos uma medalha ao assistir a um parto em uma residência na zona norte da cidade. Ele foi a primeira pessoa com quem tive contato e que possuía essa condição [daltonismo]" , explica Willian.
Durante uma conversa no café da manhã, Willian teve a certeza de que o amigo não conseguia nomear e diferenciar diversas cores.
"Ele não sabia diferenciar uma garrafa de cor azul e outra que tinha da cor preta. Para o Lincoln, as duas tinham a mesma cor e, com alguns equipamentos, ele tinha essa dificuldade de diferenciar as cores", conta.
Ao vir alguns vídeos na internet, Willian teve a iniciativa de mobilizar os demais colegas e providenciar os óculos.
"Eu sempre me emocionava quando via esses conteúdos na internet. As pessoas tendo reações diferentes umas das outras vendo as cores pela primeira vez", explica.
Vídeo que furou a 'bolha'
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Ao ler as mensagens e reações dos internautas que assistiram ao vídeo, o bombeiro daltônico diz ter ficado ainda mais emocionado.
"Não me passou pela cabeça os comentários que eu estava lendo. O pessoal achou muito legal, e eu estava chorando e rindo ao mesmo tempo. Um escreveu: 'Eu bebendo cerveja 10h da manhã e vendo o vídeo chorando'. Eu já estava muito alegre e ver as reações das pessoas me deixou melhor ainda", conta.
Liconl também comentou que não imaginava que publicariam o conteúdo na web. A ação dos colegas o incentivou a ingressar nas redes sociais.
"Eu nem rede social tinha e foi uma surpresa. Quando me mostraram, já estava com 4 milhões de visualizações [o vídeo]. Querendo ou não, mudou minha vida né, foi diferente chegar em casa e ver minhas filhas 'coloridas'. Isso é impagável."
Willian ainda relata ter ficado surpreso com a generosidade e o carinho de tantas pessoas na internet. Para ele, a ação entre amigos foi muito além de uma simples ajuda.
"Foram muitos elogios, parabenizando pela ação. Muitos mandaram mensagens que têm alunos na escola com essa condição. Superou todas as minhas expectativas, além de ajudar um irmão de farda e amigo", explica.
*Colaborou sob supervisão de Henrique Souza
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